Triacs e diacs em dimmers e controles de fase

O TRIAC (Triode for Alternating Current) é um dispositivo semicondutor do tipo tiristor bidirecional que permite o controle de potência em corrente alternada. Internamente, o TRIAC possui quatro camadas de material semicondutor (do tipo P e N) dispostas em sequência, formando duas junções PN-PN. Ao contrário de um SCR (Thyristor unidirecional), o TRIAC pode conduzir corrente em ambos os sentidos, o que o torna especialmente útil em aplicações de dimmer e controle de fase em sistemas de 50 Hz/60 Hz.

Modos de operação: bloqueio em inversão de polaridade de gatilho, condução nos dois quadrantes (I e III) e quatro modos de disparo conforme a combinação de tensão e corrente de porta.

Conceitos Fundamentais

Definição e estrutura do TRIAC

O TRIAC (Triode for Alternating Current) é um dispositivo semicondutor do tipo tiristor bidirecional que permite o controle de potência em corrente alternada. Internamente, o TRIAC possui quatro camadas de material semicondutor (do tipo P e N) dispostas em sequência, formando duas junções PN-PN. Ao contrário de um SCR (Thyristor unidirecional), o TRIAC pode conduzir corrente em ambos os sentidos, o que o torna especialmente útil em aplicações de dimmer e controle de fase em sistemas de 50 Hz/60 Hz.

Modos de operação: bloqueio em inversão de polaridade de gatilho, condução nos dois quadrantes (I e III) e quatro modos de disparo conforme a combinação de tensão e corrente de porta.

Definição e operação do DIAC

O DIAC (DIode for Alternating Current) é um dispositivo de disparo baseado em diodo de avalanche simétrico. Sua característica essencial é a ausência de corrente significativa até a tensão de avalanche ser atingida, denominada tensão de disparo (tipicamente entre 30 V e 40 V). Ao atingir esse limiar, o DIAC entra em condução abruptamente, permitindo a descarga de um capacitor em um pulso de corrente que aciona o gate do TRIAC.

Importante notar que o DIAC oferece disparo quase simultâneo e simétrico para valores positivos e negativos, o que garante operação equilibrada do controle de fase nos semiciclos da rede.

Princípio de controle de fase em corrente alternada

O controle de fase consiste em ajustar o ângulo de disparo (α) do TRIAC dentro de cada semiciclo da tensão de entrada, interrompendo parte do início do semiciclo e permitindo a condução apenas após o instante de disparo. Esse “recorte” da forma de onda gera redução da tensão eficaz e, consequentemente, do valor RMS aplicado à carga.

Quando o ângulo α aumenta, a parte não conduzida do semiciclo cresce, reduzindo a potência média entregue à carga. Esse processo pode ser dividido em três etapas:

  • Carregamento do capacitor de disparo até a tensão de avalanche do DIAC,
  • Descarga do capacitor através do DIAC para o gate do TRIAC,
  • Condução do TRIAC até o cruzamento por zero da tensão de linha.

Fundamentos Matemáticos/Técnicos

Modelo elétrico e características I–V do TRIAC

O comportamento dinâmico do TRIAC pode ser aproximado por um modelo que inclui uma resistência de condução (rON), uma capacitância de junção (Cj) e uma corrente de fuga no estado bloqueado. A característica tensão-corrente exibe três regiões principais:

  • Bloqueio direto (VD > 0, IG = 0),
  • Bloqueio inverso (VD < 0, IG = 0),
  • Condução (IG ≥ IGT), onde IGT é a corrente mínima de gate necessária para disparo.

Os parâmetros críticos incluem a corrente de disparo (IGT), a corrente de manutenção (IH) e a capacidade de suportar taxas de variação de tensão (dv/dt) sem disparo acidental.

Análise do controle de fase resistivo: equação de potência

Para uma carga puramente resistiva R, a potência média entregue em regime permanente com disparo em α pode ser obtida pela integral da forma de onda recortada:

\( P=\frac{1}{T}\int_{\alpha}^{\pi}V_{m}\sin(\omega t)\frac{V_{m}\sin(\omega t)}{R}\,dt =\frac{V_{m}^{2}}{\omega TR}\int_{\alpha}^{\pi}\sin^{2}(\omega t)\,d(\omega t) \)

Realizando a integral e lembrando que T=2π/ω, resulta-se:

\( P=\frac{V_{m}^{2}}{2\pi R}\Bigl[\pi - \alpha + \frac{\sin(2\alpha)}{2}\Bigr] \)

Em termos de tensão eficaz na carga, Vrms, a relação entre α e o fator de redução de tensão é não linear, exigindo tabelas ou cálculos numéricos para projeto preciso.

Análise harmônica e fator de potência

O recorte da forma de onda introduce harmônicos ímpares (3ª, 5ª, 7ª …) cuja amplitude depende de α. A expressão geral para o k-ésimo harmônico da corrente i(t) é:

\( I_k=\frac{2I_m}{k\pi}\bigl[1-\cos(k\alpha)\bigr] \)

Esses harmônicos aumentam as perdas em transformadores e geradores e degradam o fator de potência aparente (VA), pois há um desfasamento e distorção que não contribuem para a potência ativa.

Implementação Prática

Estrutura típica de um dimmer com TRIAC e DIAC

O circuito básico de um dimmer inclui:

  • Um potenciômetro em série com um capacitor C, formando um circuito RC de carga;
  • Um DIAC conectado em paralelo ao capacitor, acionando-o quando a tensão atinge a tensão de disparo;
  • Um TRIAC que, ao receber o pulso de gate do DIAC, conduz o semiciclo restante.

Essa topologia é de baixo custo, fácil ajuste de α via variação do potenciómetro e robustez preferida em aplicações residenciais.

Projeto do circuito de disparo (gate)

A escolha de R e C deve considerar dois requisitos principais:

  • Tempo de carga adequado para cobrir toda a faixa de α desejada (típica: α de 0° a 150°);
  • Amplitude suficiente de corrente de gate para superar IGT do TRIAC, mesmo com tolerâncias de componente.

Geralmente, utiliza-se um resistor de gate (RG) adicional para limitar o pico de corrente e proteger a junção do TRIAC, além de controlar a sensibilidade ao dv/dt alheio.

Proteções e filtragem EMI

O disparo abrupto do TRIAC gera transientes de dV/dt e correntes de comutação que induzem interferência eletromagnética. Para mitigar tais efeitos, costuma-se empregar:

  • Red snubber network: combinação RC em derivação ao TRIAC (por exemplo, 100 nF e 47 Ω);
  • Varistor de óxido metálico (MOV) para limitar sobretensões;
  • Filtro EMI série (ferrite bead) e configuração em linha para reduzir emissões conduzidas.

Considerações Gerais

Vantagens e limitações

Vantagens: baixo custo, simplicidade de implementação, robustez, alta confiabilidade. Limitações: geração de harmônicos, ruído audível em cargas indutivas (motores), flicker em lâmpadas incandescentes próximas do limiar de condução, sensibilidade a dv/dt e restrições de fator de potência.

Impacto nas diferentes cargas

Em cargas puramente resistivas (aquecedores, lâmpadas incandescentes), o controle de fase provê resposta linear de dimming. Em cargas indutivas (motores síncronos, transformadores), além do recorte da onda, surge defasagem de corrente e picos de tensão reversa que podem reverter o gate do TRIAC ou inviabilizar o disparo no semiciclo seguinte. Nesses casos, normalmente opta-se por técnicas de disparo em trailing edge (uso de transistores) ou por SSR (Solid State Relays) com MOSFETs/IGBTs.

Critérios de seleção de componentes

Os principais parâmetros a serem verificados no datasheet de TRIAC e DIAC incluem:

  • Tensão repetitiva inversa (VDRM);
  • Corrente de pico (ITSM);
  • Corrente de manutenção (IH) e corrente de disparo (IGT);
  • Capacidade de suportar dv/dt e di/dt durante a comutação.

Conceitos Avançados

Controle digital de fase e optoacopladores

A integração de microcontroladores permite medir o zero-crossing da rede e programar α com alta resolução (por exemplo, 0,1°). Nesse contexto, optoacopladores TRIAC (ou MOCs) isolam galvanicamente o circuito de controle da rede de potência. A técnica envolve geração de pulsos de disparo sincronizados com a forma de onda de entrada, possibilitando compensação de variações de tensão e correção adaptativa do fator de potência.

Modulação por burst firing

Para reduzir harmônicos acima de limites normativos (IEC 61000-3-2), é possível aplicar bursts de semiciclos completos intercalados com intervalos de desativação, em vez de uso de ângulo de fase em cada semiciclo. Isso distribui as frequências harmônicas em faixas inferiores, facilitando a filtragem e melhorando o EMI global.

Soft-start e proteção térmica

Em aplicações de maior potência, insere-se um circuito de soft-start que inicia com ângulo α pequeno e o incrementa gradualmente, evitando picos instantâneos de corrente e estresse térmico nos semi-condutores. Sensores de temperatura e circuitos de proteção desligam o TRIAC em caso de sobreaquecimento ou sobrecorrente prolongada.

Tendências

Dimming de LEDs e módulos eletrônicos

A ampla adoção de lâmpadas LED exigiu novas técnicas de controle de fase. Como a eletrônica interna das lâmpadas muitas vezes espera uma forma de onda senoidal, o recorte por fase pode causar cintilação, ruído e redução da vida útil. Novos drivers dedicados usam técnicas híbridas: controladores PWM de alta frequência e estágios de entrada com PFC seguido de MOSFETs de baixa comutação em trailing edge.

Integração em IoT e controle sem fio

Dimmer e controles de fase modernos incorporam módulos Wi-Fi, ZigBee ou Bluetooth, permitindo configuração remota, cenas de iluminação e integração com assistentes virtuais. Nessa arquitetura, o microcontrolador executa algoritmos de calibração de ângulo de disparo, adapta-se à carga conectada e ajusta automaticamente o ponto de corte para uniformizar a curva de dimming.

Substituição de TRIACs por SSRs baseados em IGBTs/MOSFETs

Solid State Relays (SSRs) estão se popularizando como alternativa aos TRIACs. Utilizando MOSFETs ou IGBTs em arranjos bidirecionais, oferecem menor sensibilidade a dv/dt, baixa queda de tensão em condução e comutação mais rápida, reduzindo interferência eletromagnética e melhorando a eficiência em cargas indutivas.

Normas e diretivas ambientais

O agravamento de requisitos de EMC e eficiência energética, bem como as diretivas RoHS e WEEE, impulsionam o desenvolvimento de sistemas de controle de fase com filtragem ativa de harmônicos, uso de componentes sem substâncias tóxicas e maior reciclagem de módulos eletrônicos. A tendência futura é a convergência entre controle de potência e computação embarcada para criar sistemas de iluminação verdadeiramente inteligentes e sustentáveis.